Entre os dias 18 e 23 de novembro, a Nova Acrópole Barra da Tijuca promoveu uma série de palestras e atividades culturais em comemoração à Semana da Filosofia. Com o lema central “A busca da Unidade para além das diferenças”, o evento abordou temas essenciais para os tempos atuais, como ética, convivência em harmonia e o papel da união em um mundo cada vez mais polarizado.
No dia 18 de novembro, aconteceu o tema “A Beleza da Diversidade: redefinindo a fraternidade humana em tempos de diferenças”. A palestra ministrada por Márcia Evangelista teve como base o emocionante episódio do resgate dos meninos presos em uma caverna na Tailândia, em 2018. Na ocasião, fortes chuvas bloquearam a entrada principal da caverna, deixando o grupo isolado por vários dias. Esse evento mobilizou profissionais de diferentes nacionalidades e culturas, unidos pelo objetivo comum de salvar vidas. O resgate bem-sucedido, que emocionou o mundo inteiro, tornou-se um símbolo de fraternidade, coragem, solidariedade e amor ao próximo. A reflexão proposta destacou como essa soma de esforços e resiliência, transcendendo barreiras culturais e geográficas, mostra o que é possível alcançar quando colocamos o bem comum acima das diferenças. A partir desse exemplo, os participantes foram convidados a repensar o papel da fraternidade na construção de uma sociedade mais humana, solidária e justa.
No dia 19, a atividade “Aventura Filosófica: decifrando enigmas” foi uma experiência interativa que desafiou os participantes a resolverem enigmas enquanto exploravam três salas temáticas: Ignorância, Instrução e Sabedoria. O objetivo foi encontrar um poderoso artefato antes que “forças sombrias” o alcançassem. Para isso, trabalharam juntos decifrando códigos e superando obstáculos que cada sala oferecia.
A jornada começou com um enigma sobre o “Anel de Giges”, envolvendo pistas como código morse e luz invisível, e seguiu com desafios que testaram a concentração, a percepção e a capacidade de discernir o verdadeiro do falso. Cada sala proporcionou uma nova etapa de aprendizado e autoconhecimento, sendo crucial a união do grupo para o sucesso.
Durante a aventura, o monitor acompanhou os participantes sem interferir diretamente, enquanto o mestre orientou o grupo em fases específicas, fornecendo dicas e instruções por meio de cartas, rádio e textos. Na sala da Ignorância, o ambiente confuso e escuro desafiou os integrantes a encontrarem a luz, enquanto na sala da Instrução, eles foram guiados pela concentração e pela comunicação. Por fim, na sala da Sabedoria, os aventureiros foram desafiados a confiar em sua voz interior, somando pontos e unindo forças para alcançar a vitória, simbolizando a importância do trabalho em equipe e do autoconhecimento para superar desafios.
No dia 20, a palestra “Como a filosofia pode ajudar a resolver conflitos“, ministrada por Tales Freitas, abordou como os conflitos – sejam internos ou externos – podem desencadear crises significativas em nossas vidas, apresentando quatro passos para conseguir resolvê-los: impacto, compreensão, superação e mudança.
Para ilustrar como lidar com conflitos de maneira sábia, Tales utilizou como exemplo Marco Aurélio, um imperador romano que soube gerenciar com maestria conflitos tanto externos, entre nações, quanto internos, dentro de seu próprio império. Sua habilidade em solucionar disputas é um modelo de liderança e resolução.
Foi falado também sobre como o distanciamento do dharma, a ordem natural do Universo, pode gerar crises, e como a compreensão do Karma pode nos ajudar a superá-los. Além disso, os ensinamentos das 4 Nobres Verdades do Budismo para a superação de crises foi mencionado: A nobre verdade do sofrimento; A nobre verdade da origem do sofrimento; A nobre verdade do cessar do sofrimento; A nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento. Tales também abordou sobre a importância do Caminho Reto, que nos guia à superação das crises e conflitos, tanto internos quanto externos. “Para isso, é necessário desapegar das coisas efêmeras e impermanentes da vida, que são as principais fontes, e redirecionar nosso foco para aquilo que é permanente dentro de nós”, concluiu.
Nos conflitos com terceiros, Tales, de acordo com os estudos filosóficos, indica alguns passos importantes:
- Buscar sempre a verdade.
- Estar seguro internamente para dialogar e manter também as “seguranças externas” em dia, para ter suporte nas situações difíceis.
- Evitar acusações.
- Lembrar que a melhor desculpa é não repetir os mesmos erros.
Antes de finalizar a palestra, o professor abordou os ensinamentos milenares do livro I Ching, um dos textos mais antigos da sabedoria chinesa, no qual aborda o hexagrama “A Disputa” e orienta com mais clareza e a prudência em momentos de conflito, garantindo que nossas ações e decisões sejam ponderadas e equilibradas.
“À Unidade pela Dignidade: como a Filosofia pode unir os seres humanos” foi o tema tratado pela professora Luzia Helena de Oliveira Echenique, diretora da Nova Acrópole Brasil – Área Sul, no dia 21 de novembro, transmitido de forma on-line pelo canal YouTube da Nova Acrópole.
A professora Luzia Helena abordou a importância da fraternidade e da unidade como princípios essenciais para a construção de uma sociedade mais harmoniosa. E compartilhou a história de um antropólogo que, ao observar um grupo de crianças africanas, notou um gesto profundo de solidariedade: após um garoto ganhar uma cesta com frutas e doces, ele distribuiu os produtos entre todos os amigos, explicando que a verdadeira felicidade só é possível quando todos estão igualmente felizes. Essa atitude reflete a filosofia de vida chamada “Ubuntu”, que enfatiza a interdependência humana e o valor da união.
Refletiu também sobre a fragmentação da sociedade atual, marcada por divisões, violência e conflitos, e questionou se é possível conquistar a unidade em um mundo tão polarizado. Ela ressaltou a importância da convivência como um meio de crescimento pessoal, onde as interações com o outro permitem o desenvolvimento de virtudes como generosidade, solidariedade e sabedoria. A convivência, segundo ela, é uma oportunidade para exercitar e expressar nossas melhores qualidades, como a capacidade de doar e compartilhar com o próximo.
A professora enfatizou que, ao aprender a dominar a nossa própria essência, podemos alcançar uma maior harmonia e estética em nossas ações e expressões. E convidou a todos a refletirem sobre a importância da unidade, não apenas como um ideal filosófico, mas como uma prática diária, que transforma a convivência em um espaço de aprendizado, inspiração e evolução para todos.