Assim como nós, todas as cidades possuem uma história. Em comemoração ao 329º aniversário da cidade de Curitiba, no dia 29 de março de 2022, a Organização Nova Acrópole de Curitiba prestigiou a cidade com uma palestra revisitando a sua história desde antes de seu nascimento até os dias atuais.
Passando por eventos registrados, outros que ficaram nos relatos populares e também seus mitos e lendas, como a Lenda Caá-Yaríi (da erva-mate), cuja história remete à abundância e o sustento provenientes dessa planta nativa, a importância da erva-mate para o progresso econômico da região, apelidando-o de Ouro Verde. E também prestando homenagem a grandes nomes do estado que tiveram papéis essenciais para a cidade e para a cultura e o caráter de seu povo, como Ildefonso Correia, o Barão do Serro Azul, herói paranaense, e Dario Vellozo, fundador do Instituto Neopitagórico em Curitiba, primeiro brasileiro a propor estudos teosóficos no Brasil.
Após a palestra, foi promovido um recital de poesias de autoria de Emiliano Perneta (Curitiba, 1866-1921), o “Príncipe dos Poetas do Paraná”, considerado um dos fundadores do movimento simbolista no Brasil, escola artística que prezava o símbolo, o sonho, a espiritualidade e a beleza nos versos. Abaixo um dos poemas declamados:
ORAÇÃO DA MANHÃ Amanheceu. A luz de um claro e puro brilho Tem a frescura ideal de uma roseira em flor: Antes de tudo o mais, ajoelha-te, meu filho, Ajoelha-te e bendize a obra do Criador.
Ajoelha-te aqui, e sorvendo esse aroma
De feno, e rosa, e musgo, e bálsamo sutil,
Que vem do seio azul dessa manhã, que assoma,
Na radiosa nitidez de uma manhã de Abril,
Bendize a força, a graça, a seiva, a juventude,
A hercúlea robustez daqueles pinheirais,
Que resistem, de pé, dentro da casca rude,
Aos mugidos do vento e aos rijos temporais.
Ama essa terra como um fauno que por entre
A silva agreste vive; ama tudo o que vês;
Todos somos irmãos, filhos do mesmo ventre,
Filhos do mesmo amor e da mesma embriaguez.
Abraça os troncos nus, beija esses ramos de ouro, Ajoelha-te aos pés dos que te querem bem: Que riqueza, Senhor, que límpido tesouro! Que grande coração que o arvoredo tem!
Pede a Deus que conhece os bons e maus caminhos Que conhece o passado e conhece o porvir, Que te aponte de longe os cardos e os espinhos, E que te estenda a mão, quando fores cair… Emiliano Perneta