Para iniciar 2024, palestras abertas ao público abordaram os pensamentos de Sêneca sobre a administração do tempo; os diálogos sobre ‘A República’ escrita por Platão, e a Moral transmitida pelo mito Penélope na Odisseia
No mês de janeiro, a Nova Acrópole Guarulhos propôs um início de ano novo diferente: aproveitar os primeiros dias de 2024 para investir na busca pelo conhecimento. Para tanto, realizou uma programação especial de palestras.
Pautada nos princípios que regem a Nova Acrópole por todo o mundo: a Fraternidade, que fortalece a dignidade humana e une as pessoas em uma convivência enriquecedora e aberta; o Conhecimento, ao despertar a essência da etimologia da Filosofia – Amor à sabedoria –, por meio dos estudos que estimulam a evolução humana; e o Desenvolvimento, que visa ativar o melhor do potencial latente dos seres humanos e o alcance da harmonia entre pensamento, sentimento e ação, os conteúdos proporcionaram encontros enriquecedores.
Administração do tempo: uma visão filosófica
A apresentação abordou a relatividade do tempo no âmbito filosófico, ressaltando a importância de aprimorar a relação que estabelecemos com ele: há de se empregar em atividades úteis e fundamentais para a vida. Sob a perspectiva que o filósofo estoico Sêneca referiu-se em sua obra Sobre a Brevidade da Vida, a palestra mostrou que há uma grande diferença entre o Viver ou apenas Existir e que o caminho não está na busca por técnicas ou conhecimentos, mas sim na possibilidade de ouvir a alma humana e deixá-la direcionar onde é, verdadeiramente o seu lugar.
Nessa busca, administrar o tempo é não se eximir de encarar as situações difíceis, mas sim ter a convicção de que somos totalmente responsáveis por conduzir nossas vidas por meio do autoconhecimento e a certeza daquilo do que nossos princípios e valores nos oferecem. Fortalecer a conduta moral abre o espaço para a organização e o discernimento de como governar a si mesmo.
Conforme Sêneca enfatiza nas cartas que expressam seu entendimento: “A vida é suficientemente longa e com generosidade nos foi dada para a realização das maiores coisas, se a empregamos bem”.
Penélope, a expressão do feminino na Odisseia
Na obra mitológica A Odisseia, escrita pelo poeta grego Homero, Penélope é a esposa de Ulisses, que depois da vitória grega sobre os troianos, viveu uma grande saga de vários anos em seu retorno para casa.
A personagem é reconhecida por manter, de forma determinada, sua confiança pela chegada do marido, embora fosse desacreditada por todos. Na palestra, os presentes puderam entender a relevância do estudo dos mitos e a compreensão sobre os elementos que acrescentam para a vida cotidiana.
No passeio pelas origens e a história de Penélope, o público pôde conhecer as chaves de interpretação do que consiste ser rainha (como era a personagem), e onde está a nobreza no ser humano (virtudes). Seu comportamento perseverante como uma dama que viveu por 20 anos a certeza do reencontro com Ulisses não retrata uma espera passiva, mas sim a força como encarou as provas em uma atuação astuta e heroica. Uma inspiração para que aprendamos a viver a fidelidade de nossos Ideais e a olhar, mais profundamente, nas virtudes descobertas em nossas batalhas.
A República de Platão – A arte de governar a si mesmo
Na apresentação de uma das obras filosóficas mais conhecidas em todo o mundo, os participantes foram convidados e mergulharem em questionamentos, demasiadamente atuais, fruto dos diálogos de Sócrates que Platão reuniu em A República.
Dessa forma, o olhar filosófico traduz-se como o condutor do entendimento das ideias mais sofisticadas da obra, levando-nos a verificar que A República não se trata simplesmente de uma utopia, mas de um projeto real de melhoria do ser humano. E, ao contrário do raso pensamento que faz com que muitos se afastem da essência verdadeira da Política e da Ética, o encontro foi um momento significativo para abordar o valor dos temas para a formação das virtudes que capacitarão as pessoas a lidarem com o exercício do poder e, por outro lado, com os desejos do corpo e da mente.
Entre os filósofos estudados em Nova Acrópole, os escritos de Platão expandem a compreensão do viver em sociedade (e governar-se a si mesmo), à medida que as conversas de Sócrates jamais dissociam teoria e prática, unidade e multiplicidade, indivíduo e Estado, política e ética. Pelo contrário: transmitem, de maneira clara e natural, ideias sofisticadas e um tanto quanto surpreendentes para nossa sensibilidade moderna, mesmo escritas há mais de 2500 anos.