Em tempos de lava-jato e corrupção, a palavra “Herói” acaba, por um lado, relacionando-se com figuras públicas centrais eleitas pela mídia, e por outro, levando a um descrédito de sua existência e validade, tal a manipulação e reducionismo de seu conceito e profundidade. Aparentemente não vemos heróis e nem atos heroicos com frequência, e muito menos como descritos nas grandes obras literárias ou cinematográficas. Assim, os mitos e seus heróis clássicos são apresentados como contos fantásticos difundidos pelos antigos povos por superstição, primitivismo ou passatempo.
O fato é que os mitos heroicos de alguma forma ainda nos atraem, às vezes nos levando a querer viver as mesmas aventuras e histórias. E o herói não está apenas nas conhecidas personalidades que mudaram a história, como Nelson Mandela, ou aquelas que demonstraram coragem e determinação, como Ayrton Senna, mas também naquele grande herói desconhecido e adormecido que se encontra no mais incauto dos lugares: dentro de nós mesmos!
São heróis de ontem e de hoje, aqueles homens ou mulheres que venceram as circunstâncias e desafios da vida e, por isso, inspiram o herói em nós, pronto para se manifestar sempre que nos encontrarmos nas encruzilhadas da vida e tivermos que optar por um caminho a seguir. A escolha do caminho, o qual nos leva ao nosso destino de realização como ser humano: o confronto com nossas próprias angústias, medos, dúvidas e egoísmos, a luta para perseverarmos e sustentarmo-nos na caminhada, levantando após as quedas, o reconhecimento de que nada sabemos sobre nós mesmos e a percepção dos verdadeiros valores e princípios da humanidade e, ao fim, a vitória da conquista. Esses são alguns dos muitos atos do herói, do nosso herói interior que, como no mito da Odisseia, de Ulisses, navega uma longa viagem em busca de sua cidade Ítaca e ao encontro da amada esposa Penélope, por anos, enfrentando grandes desafios e provas no mar e em terra.
Todas essas reflexões fizeram parte do tema, O Caminho do Herói e Suas Escolhas, com o qual a Nova Acrópole promoveu a XI SEMANA DA FILOSOFIA, evento que acompanha o Dia Mundial da Filosofia, comemorado pela UNESCO em 17 de novembro.
A XI SEMANA DA FILOSOFIA aconteceu na sede da Nova Acrópole de Joinville entre os dias 16 e 19 de novembro, com palestras, exposição e noite de contos e poesias.
A palestra inaugural, no dia 16, abordou o tema principal. Nos dias seguintes, mais seis preleções continuaram a temática: dia 17, “O Sentido Heroico da Vida”, “O Espírito de Aventura” e “A Necessidade de Heróis”; dia 18, “A Atualidade do Mito de Hércules”, “A Inspiração do Mitos Heroicos para a Vida Cotidiana” e “O Mito de Psiquê – Uma História para Alma Humana”.
Por fim, no dia 19, os voluntários de Nova Acrópole apresentaram uma inspirada noite de contos e poesias relacionados aos mitos e heróis de ontem e de hoje, emocionando o público presente.
Também, durante o evento, uma pequena exposição com imagens de heróis da antiguidade foi instalada nas salas e corredores da sede, na qual o público teve a oportunidade de aprender um pouco das histórias e mitos que compõem a cultura filosófica da humanidade.
O Mito e o Herói são uns dos temas que fundamentam o curso de Filosofia à Maneira Clássica, ministrado em Nova Acrópole, tal a importância dessa tradição. É necessário relembrá-los e seguir os caminhos que heróis já percorreram, como ensinou o grande mitólogo Joseph Campbell. Disse ele que “Os Heróis de todos os tempos já foram antes de nós. O labirinto é bem conhecido; temos apenas que seguir os passos do herói. E onde pensávamos encontrar algo abominável, encontraremos um Deus. E onde pensávamos que teríamos que matar alguém, teremos que matar a nós mesmos. E quando pensávamos que teríamos que viajar para fora, chegaremos bem no centro de nossa própria existência. E onde pensávamos estar sozinhos, estaremos em companhia do mundo inteiro”.
