
Nada há que me domine e que me vença
Quando a minha alma mudamente acorda…
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa.
Sou como um Réu de celestial sentença,
Condenado ao Amor, que se recorda
Do Amor e sempre no Silêncio borda
Das estrelas todo o céu em que erra e pensa.
Claros, meus olhos tornam-se mais claros
E tudo vejo dos encantos raros
E de outras mais serenas madrugadas!
Todas as vozes que procuro e chamo
Ouço-as dentro de mim porque as amo
Na minha alma volteando arrebatadas.
Nota biográfica
João da Cruz e Souza nasceu em Nossa Senhora do Desterro em 24 de novembro de 1861. Filho de escravos alforriados, desde pequeno recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o marechal Guilherme Xavier de Sousa. Aprendeu francês, latim e grego, além de ter sido discípulo do alemão Fritz Müller, com quem aprendeu Matemática e Ciências Naturais.
Se alguma das imagens usadas neste artigo violar direitos autorais, favor entrar em contato conosco.