Soneto 81 – Luís de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade;

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Soneto 81 - Luís de Camões



Nota biográfica

Luís Vaz de Camões nasceu em Lisboa, Portugal, em 1524. Foi uma das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental. A sua obra magna Os Lusíadas, é considerada a epopeia portuguesa por excelência. Camões foi louvado por diversos luminares não-lusófonos da cultura ocidental.




Se alguma das imagens usadas neste artigo violar direitos autorais, favor entrar em contato conosco.