Soneto LXIII – Cláudio Manuel da Costa

Já me enfado de ouvir este alarido,
Com que se engana o mundo em seu cuidado;
Quero ver entre as peles, e o cajado,
Se melhora a fortuna de partido.

Canse embora a lisonja ao que ferido
Da enganosa esperança anda magoado;
Que eu tenho de acolher-me sempre ao lado
Do velho desengano apercebido.

Aquele adore as roupas de alto preço,
Um siga a ostentação, outro a vaidade;
Todos se enganam com igual excesso.

Eu não chamo a isto já felicidade:
Ao campo me recolho, e reconheço,
Que não há maior bem, que a soledade.

 

Soneto LXIII - Cláudio Manuel da Costa


Nota biográfica
Cláudio Manuel da Costa nasceu em Vila do Ribeirão do Carmo, Minas Gerais, em 5 de junho de 1729 e faleceu em Vila Rica, em 4 de julho de 1789. Foi um advogado, minerador e poeta português do Brasil Colônia. Destacou-se pela sua obra poética e pelo seu envolvimento na Inconfidência Mineira. Como poeta, transita entre o Barroco e o arcadismo.




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