Já me enfado de ouvir este alarido,
Com que se engana o mundo em seu cuidado;
Quero ver entre as peles, e o cajado,
Se melhora a fortuna de partido.
Canse embora a lisonja ao que ferido
Da enganosa esperança anda magoado;
Que eu tenho de acolher-me sempre ao lado
Do velho desengano apercebido.
Aquele adore as roupas de alto preço,
Um siga a ostentação, outro a vaidade;
Todos se enganam com igual excesso.
Eu não chamo a isto já felicidade:
Ao campo me recolho, e reconheço,
Que não há maior bem, que a soledade.
Nota biográfica
Cláudio Manuel da Costa nasceu em Vila do Ribeirão do Carmo, Minas Gerais, em 5 de junho de 1729 e faleceu em Vila Rica, em 4 de julho de 1789. Foi um advogado, minerador e poeta português do Brasil Colônia. Destacou-se pela sua obra poética e pelo seu envolvimento na Inconfidência Mineira. Como poeta, transita entre o Barroco e o arcadismo. Se alguma das imagens usadas neste artigo violar direitos autorais, favor entrar em contato conosco.