Vale a pena? – Delia Steinberg Guzmán

Com frequência nos perguntamos o que vale a pena ser vivido, pois muitas vezes tropeçamos na já conhecida expressão “isso não vale a pena”. É como se a vida nos pusesse diante de uma variada vitrine, na qual devemos escolher entre aquelas coisas que têm interesse para nós e as que nos importam pouco ou nada. Chama-nos a atenção o fato de que, não importa o que escolhemos, tudo implica penas e esforços, só que algumas coisas merecem esse esforço e outras não.

O que é, então, que vale a pena? Em primeiro lugar, trata-se de resolver a situação humana aqui e agora, no sentido puramente material e confortável da questão. Em seguida, trata-se de conseguir uma ambiguidade agradável no que se refere a sentimento e ideias, pois sentir ou pensar em profundidade só traz complicações, que, evidentemente, não compensam nossas penas. Em geral, interessa deixar-se levar pela corrente, adaptar-se às opiniões aceitas, preencher com vazio as horas vazias, para que não se note que estão vazias. Vocações, investigações, autoconhecimento, amor, amizade… isso já não vale a pena, não rende nada em uma sociedade que quase não valoriza esses produtos.

Esses são elementos duradouros, que podemos encontrar na tradição filosófica de todos os tempos e lugares e isso é algo que vale a pena ser vivido: A FILOSOFIA ENTENDIDA COMO UMA FORMA DE VIDA.

Extraído do livro O Herói Cotidiano: Reflexões de um FilósofoEdições Nova Acrópole

Crédito da imagem: Imagem de Eva Michálková por Pixabay