Buscar a arte – A escuridão ardente

Nicholas Roerich

Roerich Museum. New Cork

por Mª Ángeles Fernández

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Sem dúvida, este pintor russo da primeira metade do século XX possui o segredo da cor. Com uma paleta limpíssima, de cores puras, e poucos traços de desenho, Roerich nos remete a um mundo de sonhos, quase de ilustrações de contos infantis. Seduzido pelo mundo oriental, enche suas telas de montanhas solitárias, templos, monges e guerreiros, tudo como se estivesse suspenso numa fantasia silenciosa. Porque, por alguma misteriosa razão, seus quadros sugerem silêncio. Contemplação. Neste “Oscuridad Ardiente” utilizou uma única cor: o azul. Nem sequer com muitas tonalidades: mais claro, mais cinzento, mais violeta. As sombras não são negras, mas um pouco mais escuras; não há profundidade, não há ponto de fuga, o céu é uma extensão cromática das montanhas, que se desenham nele com uma leve linha negra, que contribui com a sensação plana de algo incorpóreo. Os cumes, totalmente áridos, desnudos, sobressaltam e entristecem.

No meio, a única luz. Brota magicamente do cofre que porta uma figura: um mahatma, seguido de outros dois, os três com coroas em suas cabeças. Detrás, discípulos; um deles, de barba longa, foi identificado como um estranho auto-retrato do pintor.

O mahatma porta a Luz. Sai de algum lugar oculto, de alguma cova nas montanhas, e leva o cofre luminoso talvez para os homens, talvez para deixá-lo em algum desconhecido monastério.

Não importa. Mas o que vemos, o que nos impacta, é esse mistério azul e desnudo que Roerich nos mostra.

Arqueoastronomia – O código do cosmos

A Arqueoastronomia é uma disciplina relativamente jovem. No entanto, é muito interessante por tudo o que já descobriu. Investigando os conhecimentos de Astronomia de nossos antepassados longínquos e os aspectos astronômicos e de contagem do tempo dos monumentos antigos, demonstrou-se que nosso passado guarda não apenas riquezas artísticas, mas também riquezas de conhecimento.

Equipe de investigação da Esfinge

… Nos lugares onde não existem dados escritos, como no caso dos megalitos pré-históricos, a Arqueoastronomia se converte na voz desses monumentos silenciosos, confirmando que seus construtores tinham grandes conhecimentos de Astronomia. Nos lugares onde há dados escritos, os calendários demonstram que as civilizações antigas tinham conhecimentos de Astronomia, o que é um grande motivo para que nós comecemos a analisar seriamente suas lendas sobre as épocas interminavelmente longas da história humana.

O aspecto astronômico e matemático dos calendários

O fundamental para todos os calendários, desde os mais antigos até nosso calendário moderno, é o movimento dos astros ou, melhor dizendo, seu movimento aparente como o observamos da Terra. Antes de mais nada, referiremos-nos aos distintos aspectos do movimento complexo do Sol e da Lua e, também, ao movimento dos planetas e das estrelas.

De acordo com o corpo celeste de que depende, o calendário pode ser:

Calendário árabe ou lunar

Do ponto de vista da Astronomia, este calendário segue as fases da Lua ou o mês sinódico, que tem 29.53059 dias. Trata-se de um calendário natural porque, depois da mudança entre dia e noite, a mudança das fases da Lua é o fenômeno mais forte da Astronomia.

Como um mês civil tem que constar de um número inteiro de dias, é necessário definir os meses de maneira que o calendário concorde com as fases da Lua.

Um exemplo de calendário lunar muito preciso é o calendário hebreu. No ciclo de 253 meses civis, segundo algumas regras prescritas, alternam-se meses de 29 e 30 dias para que a média de duração de um mês civil seja aproximada à duração do mês sinódico.

Calendário solar

Este calendário segue o ciclo das estações do ano trópico de 365.24220 dias. Tem um valor muito prático; auxilia-nos a determinar o tempo em que começam os trabalhos agrícolas.

Aqui também, segundo as regras do calendário, o ano civil pode se ajustar de maneiras diferentes do ano trópico.

Nosso calendário moderno é, na realidade, um calendário romano reformado e é exemplo de calendário solar relativamente bom. Um ano tem 365 dias e às vezes se intercalam anos bissextos de 366 dias. Num período de 400 anos, 97 são bissextos (cada quarto ano é bissexto, exceto três anos). Então, a média de duração de um ano é de 365,2425 dias. É preciso mencionar aqui que existiam civilizações que usavam calendários solares muito mais exatos que o nosso.

Calendário astral

O calendário astral (estelar) segue o movimento aparente do Sol pela esfera celeste, e por isso é um calendário verdadeiramente astrológico. Um ano sideral –365,25636 dias – é o tempo transcorrido entre duas passagens aparentes consecutivas pelo mesmo ponto com relação às estrelas.

O princípio do ano

A precessão causa a diferença de duração entre o ano sideral e o ano trópico. Como esta diferença é muito pequena, é impossível saber apenas a base da duração do ano civil se se trata de calendário solar ou astral.

É possível sabê-lo pela definição do princípio do ano: se o início é determinado pelo ponto de saída do Sol no horizonte – como no caso de alguns monumentos megalíticos – trata-se de calendário solar, e se o início é determinado pela saída helíaca das estrelas – como no caso da saída helíaca de Sírio no Egito – trata-se de calendário astral.

Os ciclos

O calendário ideal deveria unir de uma maneira prática os três fenômenos básicos: a fase lunar (a Lua), a estação do ano (o Sol) e o movimento da esfera celeste. Como estes fenômenos têm períodos distintos, a harmonia pode ser obtida apenas em ciclos longos.

O ciclo metônico

A maioria dos calendários antigos, na realidade, combinavam o tipo lunar e o tipo solar de calendário. O mês civil tentava seguir o período sinódico da Lua e o ano civil tentava seguir as estações do ano. No entanto, um ano de doze meses sinódicos é muito curto; são aproximadamente 354,367 dias. Para compensar esta diferença, segundo o princípio de intercalação, interpõem-se às vezes anos de treze meses.

O ciclo metônico de 19 anos é um exemplo de como se pode ajustar o calendário lunar com o calendário solar. Num período de 6.940 dias há aproximadamente 235 meses sinódicos de 29,53059 dias (235 * 29,53059 = 6939,7), ou 19 anos trópicos de 365,24220 dias (19 * 365,24220 = 6939,6). Dos 19 anos deste ciclo, sete têm treze meses. Ao terminar um destes ciclos, as fases da Lua voltam a ocorrer nos mesmos dias do ano.

O ano de Platão

Como a diferença de duração entre o ano trópico e o ano sideral é muito pequena, necessita-se de um tempo maior para fechar um ciclo; 9421035,6 dias (25974 anos trópicos ou 25973 anos siderais). Este período se chama “Ano Grande” ou o “Ano de Platão”. Depois de um ano de Platão, na mesma data do ano trópico, o Sol volta à mesma posição na esfera celeste. A direção do eixo de rotação da Terra com relação às estrelas determina as eras astrológicas.

O ciclo de Saros

É um ciclo dos eclipses do Sol e da Lua. O eclipse ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua estão aproximadamente alinhados. Do ponto de vista da Astronomia, este ciclo une o mês sinódico e o mês nódico. Transcorridos os 6585,3 dias (223 meses sinódicos ou 242 meses nódicos ou ainda 19 anos nódicos) do ciclo Saros, os eclipses do Sol e da Lua se reproduzem na mesma ordem.

O ciclo chio-shi-chou

Há distintos ciclos que abarcam a periodicidade dos fenômenos astronômicos com mais ou menos êxito. Os chineses conhecem o ciclo dos eclipses que têm 135 meses sinódicos. Chama-se de ciclo chio-shi-chou. Depois deste ciclo, repetem-se na mesma ordem 23 eclipses do Sol e da Lua. Yang Wei, por volta do ano 390 a.C. conseguia prever se algum eclipse ia ser parcial ou total.

Tzolkin

Uma curiosidade dos calendários da América Central é o ciclo tzolkin, que tem 260 dias. Ainda que não pareça ter nenhum vínculo com o movimento dos corpos celestes, pode-se notar o seguinte:

a) 4*260 = 1040 e 3 * 346,62 = 1039,62 = 1040. Isso quer dizer que Tzolkin abarca o ciclo de eclipses.

b) O ciclo de 20*260 = 5200, com uma correção simples, une o mês sinódico com o mês nódico: 176*29,53059 = 5197,4 e 191*27,21222 = 5197,5.

c) 3*260 = 780, que corresponde com o período sinódico de Marte.

A orientação astronômica

Além dos calendários e de seus ciclos, um fenômeno que também nos interessa são dois tipos de construções cuja característica principal é sua função de calendário.

As construções do primeiro tipo são as que têm aberturas especiais construídas de maneira que os raios do Sol, numa determinada data do ano, passam por elas e iluminan o interior da construção.

As edificações do segundo tipo são uma espécie de observatório. De um lugar escolhido especialmente para este fim, observa-se a saída e a chegada do disco solar. Também pode-se colocar pontos específicos na função de marcadores.

Há oito pontos principais no horizonte, determinados pelo movimento aparente do Sol pela esfera celeste. São o leste e oeste dos dois equinócios, os pontos onde o Sol sai e onde se põe no dia de solstício de inverno, os pontos onde o Sol sai e se põe no dia de solstício de verão, e os pontos do norte e do sul que determinam a passagem do Sol pelo meridiano de certo lugar.

Os observatórios antigos deste tipo também estão orientados aos pontos de saída e de chegada da Lua e alguns outros planetas, especialmente Vênus.

Megalitos

O complexo megalítico em New Grange na Irlanda tem por cima da entrada uma “janela” construída de maneira que, durante o solstício de inverno, o Sol matutino ilumine a parede do fundo da câmara central. Enquanto o complexo não era usado, esta “janela” estava fechada com um bloco de pedra.

Em Bellocinroy, na península de Kyntyre, encontram-se alinhados três blocos grandes de pedra. Se alguém olha um lado da pedra central, a uma distância de trinta quilômetros, pode ver a ilha de Jura. O auge desta ilha é o ponto onde o Sol se põe no dia do solstício de verão.

Muitos exemplos desses foram estudados pelo professor Thom, um dos pioneiros da Arqueoastronomia. Há que notar especialmente o fato de que todos estes monumentos estão orientados de forma muito precisa. Para as atividades agrícolas do homem neolítico (no caso de que as tivesse desenvolvido bem) teria bastado uma orientação aproximativa. Teria sido suficiente observar os pores-do-sol do centro de seu povoado. Por outro lado, a construção de alguns monumentos megalíticos como Stonehenge exigia um esforço enorme e aparentemente desnecessário.

O templo de Amón-Ra em Karnak

O eixo principal do templo está orientado ao ponto de saída do Sol no dia do solstício de inverno. Dentro do templo existia uma câmara especial com uma janela e um lugar determinado para fazer sacrifícios. No dia do solstício de inverno, o raio do Sol entrava pela janela e passava por cima desse lugar destinado aos sacrifícios.

Teotihuacán

Todo o complexo cerimonial de Teotihuacán está organizado ao redor de dois eixos básicos. O eixo principal que está traçado quase na direção norte-sul (com o meridiano forma um ângulo de 15,5 graus ao leste) se chama “Caminho dos Mortos”. Este nome foi dado pelos astecas porque acreditavam que as colinas ao longo deste caminho eram tumbas dos reis antigos de Teotihuacán. O eixo aponta para a montanha sagrada chamada de “Cerro Gordo”.

O segundo eixo forma um ângulo reto com o Caminho dos Mortos, e sua ponta ocidental vai ao lugar no horizonte onde se põe o cúmulo estelar chamado de Pléyades. As estrelas tocam o horizonte em cima da montanha chamada Cerro Colorado. Estas direções tinham tanta importância que até mesmo o curso do rio San Juan foi mudado de acordo com elas.

Debaixo da Pirâmide do Sol se encontra uma gruta misteriosa. A entrada da gruta está ao lado das escadas da pirâmide e pode-se entrar uns cem metros ao centro da pirâmide. Aí se abre um espaço com quatro vãos.

As investigações demonstraram que esses vãos eram conhecidos inclusive antes da construção da Pirâmide do Sol e que podem ter determinado sua construção. A escada de fora segue o corredor de entrada da gruta. A fachada do templo, em cima da pirâmide, dava a oeste, ao Cerro Colorado, como o corredor da gruta.

Uma prova de que a orientação astronômica de Teotihuacán não é apenas uma teoria inverossímil inventada pelos “teotihuacanistas” imaginativos, é o descobrimento dos marcadores em forma de cruz ou circunferências concêntricas. Eles não foram traçados com linhas contínuas mas com séries de perfurações alinhadas em pedra.

O primeiro marcador foi descoberto pelo arqueólogo americano Oliver G. Ricketson no ano de 1937. No território da América Central – do norte do México à Guatemala – foram descobertos aproximadamente setenta marcadores. O mais complicado, chamado de Cruz Tripla, foi encontrado ao oeste do Caminho dos Mortos, na frente da Pirâmide do Sol.

O engenheiro americano Harleston, que havia uma década estudava os mistérios de Teotihuacán, concluiu que os marcadores eram pontos de onde se observavam determinados fenômenos astronômicos, especialmente o movimento aparente do Sol (as saídas e ocasos do Sol, os dias de solstício e equinócio, e as passagens do Sol pelo zênite).

A confirmação disso chegou com o descobrimento de um marcador. Foi encontrado na colina de Chiconauatl (a 14 quilômetros da Pirâmide do Sol), seguindo os cálculos de Harleston sobre o lugar onde provavelmente se poderia encontrar. Observando-se desse marcador, o Sol que sai no dia do solstício de verão realmente aparece justamente em cima da Pirâmide do Sol.

Os construtores de Teotihuacán obtiveram a harmonia completa entre a Terra, o céu e o tempo.

Caracol

São poucos os monumentos dos maias que têm uma planta circular. Um dos monumentos extraordinários deste tipo é a torre do observatório Caracol em Chichén Itzá. Suas janelas estão orientadas aos pontos principais no horizonte e a alguns pontos do pôr de Vênus.

Igrejas e catedrais medievais

As construções sacras da Idade Média estão definidas por dois eixos cruzados: decumano e cardo. O decumano está determinado pelos pontos da saída e do pôr-do-sol, é o eixo leste-oeste. Pode existir diferença entre a verdadeira direção leste-oeste e este eixo como, por exemplo, no caso da catedral de Notre Dame em Paris, cujo eixo está determinado pelo ponto de saída do Sol em 15 de agosto (o dia da consagração). O cardo está determinado pela sombra de um pilar (o símbolo do eixo vertical) no momento em que o Sol está no ponto mais alto da sua elevação sobre o horizonte, é o eixo norte-sul.

As igrejas antigas na Croácia

Entre os séculos IX e XII na Croácia, por toda a costa do mar Adriático, foram construídas pequenas igrejas de pedra.

Suas plantas têm formas geométricas de quadrado, retângulo ou círculo, mas quase não existem lugares em que essas formas tenham sido perfeitamente traçadas. Também há irregularidades na parte vertical destas construções: os arcos das janelas normalmente estão fora do eixo de simetria, os contornos interiores e exteriores das aberturas são diferentes.

À primera vista parece que estas pequenas igrejas representam coleções de irregularidades. Durante muito tempo este fato era atribuído à incapacidade dos construtores que, pela primeira vez na sua nova pátria, trabalhavam com pedra, material que antes não conheciam.

No entanto, estranha o fato de que, em três séculos de domínio deste estilo arquitetônico, os construtores não obtiveram destreza para construir exatamente segundo o projeto, porque as igrejas do período posterior têm a mesma irregularidade de construção, enquanto os artesãos faziam ornamentos perfeitamente geométricos.

A igreja de Santa Cruz em Nin, na Croácia, é deste tipo. Parece que nada tem uma forma regular. O desenho da planta circular é muito inclinado a uma lado, a cúpula central é elíptica porque foi construída sobre uma base trapezóide e não há sequer uma janela construída na parte mais destacada do abside.

Mas, se tivermos em consideração que a organização da vida nos monastérios dividia o dia em seis partes – três partes até o meio-dia e três partes da tarde – segundo as quais foram determinadas as horas de oração, podemos ver que por trás de toda esta irregularidade está escondida a harmonia. As investigações confirmaram isso.

Ao redor dos ângulos mais acentuados desta igreja se pode traçar um quadrado perfeito, o que é muito importante para a organização de toda a construção. Sobre a reta da base do quadrado está a linha da fachada, e os três lados restantes da igreja formam com os outros lados do quadrado ângulos iguais ao ângulo que existe entre o oeste verdadeiro e o leste.

A diagonal da superfície debaixo da cúpula está exatamente sobre a linha norte-sul pelo meridiano local. A parede que leva o abside do meio corresponde à passagem do primeiro raio de Sol no dia do solstício de inverno, e a diagonal do quadrado descrito ao redor da igreja corresponde ao primeiro raio do equinócio.

O interior da igreja também foi construído de maneira que facilita a determinação das horas de oração. Nos quatro dias característicos do ano, os equinócios e os solstícios, as horas de oração podem ser determinadas com pontualidade apenas olhando o lugar onde estão os raios do Sol que passam pelas aberturas nas paredes.

Esta construção é uma espécie de dado astronômico; um calendário de pedra. A destreza com a qual seu construtor conseguiu unir o conjunto dos raios de Sol com as formas simples de geometria – quadrado, cruz e circunferência – é maravilhosa. Todos os detalhes que parecem irregularidades trazem uma mensagem oculta.

Epílogo

Os exemplos apresentados aqui apenas constituem uma pequena parte do que foi descoberto nas investigações.

A orientação astronômica das construções é um princípio, e não, um capricho dos construtores. Civilizações de todo o mundo, distantes entre si no tempo e no espaço, sempre prestavam muita atenção em certos fenômenos astronômicos, principalmente ao solstício de inverno, mas também aos fenômenos que parecem irrelevantes e estranhos, como o movimento de Vênus. Tudo isso abre uma variedade de perguntas sobre os fundamentos dos construtores da Antigüidade.

A bibliografia de astronomia ainda contém muitos estereótipos como os que atribuem o desenvolvimento da Astronomia na Mesopotâmia ao céu espaçoso nessa parte do mundo. Os investigadores sérios rechaçan semelhantes teorias porque o vale dos rios Tigre e Eufrates não tinha as atuais condições climáticas. Notemos que a maior parte da observação astronômica está relacionada com a linha do horizonte (as saídas e as chegadas dos corpos celestes), e o horizonte, como sabemos, atmosfericamente é a parte menos desejável do céu para fazer observações.

As ciências materialistas nos oferecem explicações sobre o princípio da Astronomia, ou a Astrologia, mas essas explicações têm o mesmo caráter da sua fonte: são materialistas e utilitárias; vamos no ritmo da Natureza apenas para assegurar a produção de alimentos, apenas para sobreviver.

Com o nascimento da psicanálise, somaram-se a isso as explicações ritualistas que acentuavam o papel do psicológico na vida humana e da sociedade. A vida psicológica se projeta ao céu e os corpos celestes se convertem em símbolos dos processos psicológicos.

Apesar de tudo isso, o campo do oculto não diminuiu, mas, ao contrário, tem crescido. A ciência de hoje está apegada cegamente ao seu ponto de vista, certa de que o saber de hoje abarca todos os conhecimentos e todo o saber que sempre existiu. Por isso, não pode nos dar nenhuma resposta, nem sequer pode entender o que realmente importa.

Somente os estudos comparativos de disciplinas tradicionais de todo tipo, não apenas astronômicas, podem nos aproximar um pouco mais da revelação do mistério da Natureza.