De forma nenhuma se pode duvidar da existência deste singular personagem, admirado por todos os que leram Rostand, ainda que tenhamos que reconhecer que o escritor tomou inúmeras licenças para dar o tom do seu escrito.
O verdadeiro CyranoCirano se chamava Savinien de CyranoCirano, senhor de Bergerac, que chegou a este mundo no ano 1619 e o deixou em 1655. Era parisiense, de fino berço e antiga linhagem, como se diz, e teve certo êxito como escritor, inclusive foi companheiro de colégio do grande dramaturgo Molière. Embora sua fama fosse mais conhecida por suas brigas e algazarras. Baderneiro nato envolveu-se no mínimo em dez duelos, pois dez, são os conhecidos que morreram sob sua espada. Sua lenda afirma que teve no mínimo mil duelos em sua vida, cifras que nos parecem exageradas, mas que são boas para comprovar a valentia que seus contemporâneos lhe outorgavam com a espada. Conta-se que uma noite, por defender um amigo, enfrentou nas ruelas de Paris pelo menos a uma centena de homens que colocou para correr com a sua espada. Este acontecimento, ainda que nos pareça novamente exagerado, conta com numerosos investigadores que afirmam a veracidade do ocorrido.
Seja uma centena ou uma vintena, não duvidamos que não tenha enfrentado sozinho um número superior de oponentes e que saiu vivo do transe. Que proeza!
Sobre seu nariz temos que afirmar que aqui Rostand não pôs nem mais um centímetro dele no seu personagem de ficção. No CyranoCirano real a feiúra do seu nariz se acentuou com as feridas que recebeu nos duelos.
O senhor de Bergarac teve que se retirar da vida de baderneiro depois do cerco de Arras, onde recebeu tamanhas feridas, que o forçaram a dedicar-se a uma vida contemplativa.
Momento este em que se volta para a literatura. Seus escritos obtiveram fama póstuma, e torna-se curioso ver que uma das suas obras mais famosas, intitulada “Viagens àa Lua e ao Sol” (1657), é o embrião do que será a literatura de ciência ficção, séculos depois.
Fermín Castro