Sabe-se que a música influencia poderosamente o ser humano. Estudos psicológicos demonstram que as crianças que estudam música, memorizam melhor, têm uma motricidade mais ajustada, uma delicadeza imaginativa mais desenvolvida e, em geral, são mais inteligentes. De fato, Howard Gardner, em seu livro “As múltiplas inteligências”, destaca a música como uma das sete inteligências do ser humano. Daí que muitos compositores dedicaram algumas de suas obras aos menores. Desde Leopoldo Mozart à Carl Orff há um ramalhete de peças destinadas a desenvolver a sensibilidade infantil, a eduzir o potencial rítmico, melódico, expressivo e imaginativo das crianças. Embora não exista receitas para aconselhar uma ou outra obra, pois depende da idade, do ambiente familiar, da educação, etc…, sim, dedicaremos umas linhas a algumas obras que nos parecem interessantes para começar esta aventura da música para crianças.
Em primeiro lugar, as crianças não precisam escutar música, mas sim vivê-la. Ou seja, seu mundo não é o dos adultos, portanto não podemos pedir que se sentem pacientemente para escutar, analisar e desfrutar de uma obra. Não, seu modo de se aproximar da música é mais vital, menos intelectual, precisam se mover, acompanhá-la com percussão, expressá-la corporalmente, imaginá-la. Enfim, perceber a música como algo vivo.
Exemplo de uma música que convida à participação é a famosa Sinfonia dos Brinquedos de Leopoldo Mozart. Escrita para orquestra de corda, acompanha-se, entre outros, de trompetistas e tamborzinhos de brinquedo, de matracas e pássaros de água, etc. O pai de Mozart deixou nessta obra, além de uma estrutura clássica e maravilhosas melodias, uma porta aberta à participação, fazendo música com os instrumentos mais simples, da maneira mais natural.
Outra maravilhosa obra escrita como um conto, mas que encerra muito simbolismo é a Flauta Mágica de Mozart. A Flauta Mágica é acima de tudo um conto de fadas; eram muitas as comédias de magia na época. Mas esse conto, diferente de outros, oferece um golpe de efeito, o de trocar o sentido de toda a trama ao fazer aparecer o malvado mago como um gênio bom e a fada boa como uma harpia infernal. Uma obra estupenda para nos iniciar em um gênero tão complexo como a ópera. Recomendamos que se convertam em narradores e utilizem a música como complemento do conto, colocando-a nos momentos precisos. A imaginação voa…
Algumas poucas sugestões para começar: 1º ato, o nº 5, quando Papageno, um simpático pássaro, falador e fanfarrão, volta com um cadeado na boca castigado por ter mentido.
Certamente, o nº 13, no que Papageno e a princesa Pamina são descobertos. Aqui o instrumento mágico do pássaro encantará os malvados. E, também, um dos enfados mais difíceis de cantar da história da ópera, o da Rainha da Noite no ato II.
Agora recomendamos algumas obras para que escutem com as crianças: A Canção de Berço de Brahms, a Barcarola dos “Contos de Offmann” de Offenbach, o “Carnaval dos Animais” de Saint Saëns, “A Suíte de Peer Gynt” do E. Grieg, “Em um Mercado Persa” de Ketelbey, “Pedro e o Lobo” de Prokofieff, “Cenas Infantis” de Robert Schumann, “O lago dos Cisnes” de Tchaikowsky ou as “Danças Fantásticas” de Turina.
Sem dúvida, há muitas outras mais e cada uma com algo interessante para contar.