Os Dióscuros eram Castor e Pólux, filhos da união de Zeus com Leda; os irmãos gêmeos são um símbolo astronômico e representam o Dia e a Noite.
Esta é uma das mais importantes constelações zodiacais, devido ao brilho de suas duas principais estrelas. Sua origem reporta-se à Mesopotâmia. Aparece na literatura ocidental com Arato, embora ele não nos conta nada sobre a origem dessa constelação.
Debaixo de sua cabeça (de virgem) estão os gêmeos. (1)
No entanto, Eratóstenes identificaria os gêmeos como Castor e Pólux, mito que se preservou até o presente momento.
Dizem que são os Dióscuros, que nasceram e se criaram na região da Lacônia, surpreendendo o mundo todo com seu amor fraternal, pois jamais houve disputa entre eles, nem pelo poder, nem por outro motivo. Zeus quis recompensar esse maravilhoso testemunho de fraternidade, denominou-os Gêmeos e colocou-os no firmamento. (2)
Os Dióscuros (Dioskouroi = filhos de Zeus) eram Castor e Pólux, filhos da união de Zeus com Leda (filha de Testio, rei de Etolia), para esta concepção o deus transformou-se em cisne. Leda pôs dois ovos, de um dos quais nasceram Pólux e Helena, filhos de Zeus, portanto imortais, enquanto do outro, fruto da união com seu marido Tindaro, nasceram Castor e Clitemnestra, mortais, embora outras versões considerem ambos filhos de Zeus. Os dois irmãos cresceram em Esparta, destacando-se Castor no manejo das armas e na doma de cavalos, enquanto que Pólux, o fazia no pugilato. Participaram de inúmeras aventuras, resgataram sua irmã Helena após ter sido raptada por Teseo, juntaram-se a Jason na expedição dos Argonautas, enfrentando o rei dos iébrices. Mais tarde numa luta homicida contra dois de seus primos, causada pela disputa por suas prometidas, as Leucípides, filhas de seu tio Leucipo, e segundo outras versões, por uma disputa de gado, provocou a morte de Castor. Pólux foi levado por Zeus ao Olimpo, mas se recusou a permanecer ali enquanto seu irmão estivesse nos infernos, de tal forma que, o pai de todos os deuses ofereceu que se alternassem e que cada um passasse um dia no Olimpo.
Para H. P. Blavatsky, Castor e Pólux têm um simbolismo duplo. Primeiro o astronômico:
Como as Tindaridas, os irmãos gêmeos são um símbolo astronômico e representam o Dia e a Noite; e as esposas Febe e Hilaira, as filhas de Apolo ou do Sol, personificam o Crepúsculo da manhã e da tarde. (3)
Em segundo lugar, o simbolismo cósmico ou teogônico:
Tem relação com um grupo de alegorias cósmicas na qual se descreve que o mundo teria nascido de um Ovo. Leda assume na alegoria a forma de um cisne branco, quando ela se une com o Cisne Divino ou Brahma-Kalahamsa. Portanto, Leda é a Ave mística e a ela diversas tradições de povos de raça ariana atribuem várias formas ornitológicas de aves, e em todas, põe Ovos de ouro. Em Kalevala, o Poema Épico da Finlândia, a formosa filha de Éter, a Mãe-Água, cria o Mundo junto com um “Pato” – outra forma do Cisne ou Ganso, Kalahamsa – que põe seis ovos de ouro, sendo o sétimo, um “ovo de ferro”. Mas a versão da alegoria de Leda, que se refere diretamente ao homem místico, encontramos somente no Pindaro e uma referência muito superficial nos Cantos Homéricos. Cástor e Pólux nessa versão deixam de ser os Dióscuros de Apolodoro, mas se convertem no símbolo altamente significativo do homem dual, o Mortal e o Imortal. (4)
Posteriormente, foram considerados protetores dos marinheiros devido a sua participação na expedição dos Argonautas. Também se identificava o fogo de San Telmo, que aparece nos mastros dos navios, com os Gêmeos. Na Grécia, foram venerados especialmente em Esparta, mas tornaram-se famosos em Roma, onde foram considerados protetores da Cidade Eterna e símbolos do amor fraternal, sem dúvida uma referência aos irmãos fundadores de Roma.
Esta constelação tem origem na Mesopotâmia, pois nas tábuas Mul-Apin aparecem como Mas-tab-ba-gal-gal, em sumério “Os Grandes Gêmeos”. Essa denominação, sem dúvida, teria origem nas duas grandes montanhas situadas nos limites do mundo conhecido, segundo a cosmografia suméria. “As Grandes Montanhas” ou “As Grandes Gêmeas” eram defendidas pelos legendários Homens-Escorpião e formavam um longo desfiladeiro, pelo qual, todos os dias, o sol saia debaixo da Terra, de um lugar mais a Leste. Na Epopéia de Gilgamesh, essas montanhas têm um papel de destaque, já que o herói terá que atravessá-las na sua busca pela imortalidade, que o levará a Utnapishtin, o Noé sumério.
Os gregos adaptaram esta constelação zodiacal da Mesopotâmia, pois como vimos nos Fenômenos, não havia nenhum mito associado a ela. Posteriormente, identificariam a constelação com os gêmeos mais famosos da mitologia grega, embora não seria a única identificação, pois Ptolomeu via Apolo na constelação.
No Egito, essa constelação era representada por dois ramos de vegetais e na cultura fenícia era associada a duas cabras. Para os romanos os gêmeos eram associados aos legendários fundadores, Rômulo e Remo. Para os egípcios, Gemini representava Horus e Harpócrates, o deus falcão filho da deusa Ísis, enquanto que para os judeus era uma misteriosa porta dupla.
Simbolicamente representa a grande força criadora de Áries e Touro, que se divide no dualismo. Segundo E. Cirlot (5) simboliza o intelecto manifestado e refletido, é a natureza criadora e a natureza criada.
Notas
1- Fenômenos 146.
2- Catasterismo 10.
3- Doutrina Secreta, volume 3, estância V. Pág. 136.
4- Doutrina Secreta, volume 3, estância V. Pág. 137.
5- Dicionário de símbolos, pág. 215.