Theodore Géricault
Museu do Louvre
Esta impressionante tela, de 4,91 por 7,16, que se encontra no Museu do Louvre, retrata um fato real ocorrido em julho de 1816: o naufrágio da fragata “Medusa”, 149 sobreviventes que se amontoaram na balsa que conseguiram construir, dotada inclusive de uma vela, vão morrendo um após o outro até ficarem em número reduzido. Géricault conseguiu falar com alguns sobreviventes, coletando detalhes que lhe possibilitaram a recriação pictórica e, para aumentar o realismo, fez observações em cadáveres, em agonizantes e loucos em hospitais e asilos, que transferiu com realismo absoluto ao retratar os rostos dos náufragos, tanto é que lhe foi muito difícil vender o quadro para os Museus Reais.
O esboço da composição corresponde a um barco: a linha superior que os corpos formam cria a curva da proa, arrematada por uma flâmula. Todas as linhas tendem em direção a ela, como se a empurrassem em direção a terra, para afastá-la da onda ameaçadora que chega pelo bombordo.
A estibordo, um afogado fica preso pelas pernas, enquanto que na proa um homem de rosto ausente a tudo que o cerca segura nos braços o corpo do filho morto, incapaz de entregá-lo às ondas, o que era feito com todos os mortos para aliviar o peso da fragata.
Podemos imaginar que no horizonte tenha aparecido o barco salvador, já que da proa alguns fazem sinais com trapos e um homem de rosto enlouquecido faz sinal para o além.
A cor é quase monocromática, pois o dramatismo da cena não deveria ser desvirtuado por nenhum tom alegre. Somente tons escuros, como o da onda, o das nuvens carregadas e as sombras embaixo da vela.
Géricault morre jovem. Viveu de 1791 a 1824. É exemplo da revolução do gosto pela arte numa época de transição que lhe coube viver. Viajou pela Itália e lá se inspirou nos antigos baixo-relevos e em seu equilíbrio rítmico. Isso acrescentou um dinamismo barroco que aparece em todas as suas obras e também alguns violentos contrastes de luz e sombra que sem dúvida procedem de Michelangelo.