Falar atualmente de câncer de mama não causa tanto medo como há alguns anos, pois embora seja o tumor mais freqüente entre as mulheres, e com sua incidência aumentando, é também um dos que oferece maior índice de sobrevivência, de 75% aos cinco anos do diagnóstico, graças fundamentalmente às melhoras na detecção e nos tratamentos. As estatísticas mostram também que em casos de detecção precoce, quando o tumor não está estendido nem evolucionado, a porcentagem de cura eleva-se até 90%.
Atualmente, na Espanha são diagnosticados 15.000 novos casos por ano, dos que aproximadamente a metade corresponde a mulheres com mais de 65 anos. Ainda que se postulem alguns fatores de risco (idade avançada, a primeira menstruação muito cedo ou o fim da menstruação muito tarde, não ter filhos ou tê-los depois dos 30 anos, manter durante anos excesso de peso, alimentação com muita gordura de origem animal, antecedente familiar de câncer, ter se submetido a terapia hormonal substitutiva, utilizada para aliviar os sintomas da menopausa) entretanto, a maioria das mulheres com câncer de mama não tem fatores de risco identificáveis.
A mama é formada por um conjunto de glândulas mamárias, denominadas lóbulos e que estão conectados entre si por tubos, os condutores mamários, que desembocam no mamilo. Lóbulos e condutores estão imersos em tecido adiposo e conjuntivo, que, junto com o tecido linfático, formam o seio. A maioria dos tumores, ou caroços, produzidos na mama, é benigna e deve-se à formação de cistos, isto é, a proliferação do tecido conjuntivo. Ainda que não precisem de tratamento, se forem grandes podem causar dor e inflamação. Às vezes, realiza-se uma punção para extrair o líquido que se acumula internamente. Ao contrário, os tumores malignos são produzidos por um crescimento desorganizado das células mamárias, que se dividem de forma rápida e continuada, deslocando o tecido saudável e crescendo nele. Quando alcançam tamanho suficiente, disseminam-se em outras zonas do organismo.
Se bem que, em geral, fala-se de câncer de mama como uma doença única e homogênea, mas existem diferentes tipos de tumores malignos na mama e os especialistas estabelecem variadas classificações, dependendo do tecido implicado, do estágio que estão, e dos marcadores moleculares que tenham as células cancerígenas. Baseado no local de início distingue-se:
1- carcinoma lobular infiltrante, que representa 15% dos casos, começa nos lóbulos ou glândulas mamárias, inicialmente estende-se pela mama sem formar uma massa compacta, pois, às vezes, em estágios iniciais não é detectado com a mamografia;
2- carcinoma ductal infiltrante, que representa 85% dos casos, origina-se no condutor mamário e é facilmente detectado com a mamografia. Uma vez que normalmente, nenhum dos dois provoca, a princípio, desconforto nem sintomas, é importante fazer revisões ginecológicas periódicas para detectá-los o quanto antes;
3- Carcinoma inflamatório, que é o prognóstico mais grave, ocorre somente em um 1% dos casos, apresenta uma sintomatologia mais clara, parecida com uma mastite aguda: inflamação, enrijecimento e calor no seio.
Para conhecer qual tipo de câncer será tratado, o médico realiza uma biópsia, que consiste em extrair algumas células doentes para análise. Com os resultados dos examos, considerando-se o tamanho do tumor, se estendeu-se ou não aos gânglios da axila e de sua velocidade de crescimento, então é estabelecido o tratamento, que em quase todos os casos combina cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Como complemento, há dois tipos possíveis de tratamentos específicos:
1) Nos casos em que a proliferação das células cancerígenas é favorecida pelos hormônios femininos, administra-se um medicamento antiestrogênico, o tamoxifeno, que inibe a ação desses hormônios e tem como efeito colateral sintomas de menopausa.
2) Se as células cancerígenas tiverem um receptor chamado Her2, será utilizado um medicamento imunológico, com base em anticorpos monoclonais, chamado trastuzumab ou Herceptina, que ajuda a desativá-las.
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