Viver Sadios – Chaves para decifrar uma análise de sangue

 

Glicose

O corpo tem mecanismos para que os níveis de glicose no sangue estejam sempre dentro de limites estreitos, já que o cérebro é muito sensível ao seu déficit. Quando comemos, aumenta a quantidade de açúcar no sangue, mas imediatamente o corpo segrega um hormônio, a insulina, que recolhe quase todo esse açúcar e o leva ao fígado para armazená-lo na forma de glicogênio. Quando passam muitas horas desde que nos alimentamos pela última vez, o corpo segrega outro hormônio, glucagon e começa a liberar essa glicose do fígado ao sangue. E quando nos submetemos a um jejum prolongado, o corpo é capaz de fabricar glicose a partir das gorduras que temos acumuladas. Tudo isso com objetivo de que os níveis de açúcar no sangue se mantenham entre 70 mg/dl e 110 mg/dl. Estes valores podem ser diminuídos por dietas, treinamento intensivo ou jejum, sendo as cifras altas indicativas de diabetes.

Colesterol

Como as gorduras não são solúveis em água, para ser transportadas no sangue, combinam-se com proteínas, existindo quatro tipos de lipoproteínas: os quilomicrones, as VLDL, as LDL e as HDL. Os dois primeiros transportam principalmente triglicerídeos e os outros dois, colesterol. O colesterol é muito importante no organismo porque a partir dele fabricam-se a vitamina D (com a incidência da luz solar), os sais biliares (fundamentais para digerir as gorduras) e os hormônios sexuais. Este lipídio favorece a hidratação da pele e intervém na formação do recobrimento de mielina que os nervos têm. Entretanto, o organismo é capaz de fabricar mais de 80% do colesterol que necessita, assim quando não o damos pela dieta, ele mesmo o gera. As LDL (lipoproteínas de baixa densidade, do inglês low density lipoprotein) encarregam-se de conduzir o colesterol às malhas, enquanto que as HDL (lipoproteínas de alta densidade, high density lipoprotein) retiram o excesso de colesterol no sangue e o levam ao fígado para sua posterior excreção. Se houver muito colesterol circulando em forma do LDL, pode acumular-se nos copos sangüíneos formando placas que produzem arterioesclerosis.
Os valores recomendados de colesterol total devem ser menores de 200 mg/dl. Se esta cifra superar os 240 mg/dl há risco de uma patologia coronária, então, se deve controlar os valores de HDL e LDL, cujas cifras devem ser menores de 55 e 130 mg/dl, respectivamente. Os valores de colesterol aumentam com a idade, em casos de dietas ricas em gorduras e em famílias com antecedentes de hipercolesterolemia.
Para mantê-los baixos, é recomendável uma dieta pobre em gorduras, que inclua alho, cebola, maçãs e verduras, fibra e pouca carne.

Triglicerídeos

São gorduras que provêm dos alimentos que ingerimos, ou se produziram no fígado (a partir de outros nutrientes). Armazenam-se no tecido adiposo e nos músculos, seu execesso produz sobrepeso ou obesidade. Os valores normais estão entre 50 e 150 mg/dl. Valores superiores associam risco de enfarte, angina de peito, pancreatite, diabetes, gota ou insuficiência renal. Valores baixos indicam desnutrição, hipertiroidismo ou má absorção intestinal.

Bilirrubina

Trata-se de um pigmento, produto da degradação da hemoglobina do sangue, que o fígado transforma para convertê-lo em componente da bílis. Seus valores oscilam entre 0.2 e 1 mg/dl e quando estão maiores indicam que o fígado tem problemas para metabolizá-la, por exemplo, ante uma hepatite; que existe uma pedra obstruindo a vesícula biliar, ou que estamos na presença de uma anemia hemolítica, onde se está produzindo a ruptura dos glóbulos vermelhos.

Transaminases

São enzimas do metabolismo de aminoácidos que permitem valorar a função do fígado. A GOT oscila entre 5 e 39 U/l e a GPT entre 5 e 45 U/l. Seus valores aumentam durante uma hepatite, quando as células do fígado são destruídas e estas enzimas passam ao sangue. Também em pessoas que sofrem de alcoolismo, que costumam ter o fígado inflamado. E após um enfarte de miocárdio, que destrói algumas células do coração que contêm igualmente estas enzimas. Do mesmo modo, as creatina fosfostranferases (CPK) também podem ser alteradas durante uma enfermidade hepática, e por sua vez, observa-se um incremento característico da fração MB das CPK depois de um enfarte de miocárdio.
Outros indicadores hepáticos são a gamma-glutamil transpeptidase (abreviado gamma-GTP, ou GGT) cujos valores normais estão entre 7 e 50 U/l e a fosfatasa alcalina, que se situa entre 40 e 129 U/l. Esta última é além disso um marcador na formação de osso, encontrando-se elevada durante o crescimento nas crianças, e em caso de fraturas ou tumores ósseos.

Creatinina

Seus valores idôneos vão de 0.6 a 1.4 mg/dl. É uma proteína que provém do músculo e é eliminada pela urina. Sua presença no sangue serve para analisar o correto funcionamento do rim. Pode indicar também desidratação ou uma obstrução das vias urinárias pela presença de pedras ou pela ampliação da próstata.

Uréia

Seus níveis oscilam entre 10 e 40 mg/dl, são uma medida da função renal. A uréia é, além disso, um produto da degradação da hemoglobina. Portanto, sua presença no sangue pode, deste modo, indicar sangrado digestivo.

Ácido úrico

É o produto final da degradação das proteínas e se excreta pela urina. Seu aumento pode provocar pedras no rim e dar lugar ao surgimento de gota, pelo acumulo de cristais nas articulações, por isso também se utiliza como um sintoma de artrite. Os valores normais estão entre 1.5 e 7.7 mg/dl. Pode aumentar em conseqüência de exercício exaustivo, ou pela ingestão de frutos do mar, peixe azul ou carnes de caça.

Outros

As amilases e fosfolipases são empregadas para avaliar a função pancreática; eletrólitos como o sódio e o potássio, em estudos de hipertensão; enquanto que o cálcio, fósforo e o hormônio paratireóide são analisados em estudos sobre os ossos. O hormônio tirotropina é estudado quando se suspeita de uma enfermidade na tireóide, e o cortisol para avaliar a função das glândulas suprarrenais. Por último, existem marcadores tumorais específicos, como o antígeno prostático específico, PSA, que dá positivo no caso de câncer de próstata, ou o antígeno cálcio embrionário, C, que é utilizado especialmente para o estudo dos cânceres de fígado, estômago e cólon.